quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Um pouco de História - Choro


O choro é um gênero de música popular urbana, que se desenvolveu no Brasil, a partir de meados do século XIX. Originou-se do processo de transformação dos elementos musicais de canções folclóricas e danças originalmente européias (principalmente a polca) e elementos musicais do lundu (forma de canção e de dança de origem africana) que foram lentamente incorporados à música popular urbana praticada no Brasil.  Alguns dos representantes mais significativos da fase inicial do choro são: Joaquim Antônio da Silva Callado, Anacleto Augusto de Medeiros, Francisca Edwiges Gonzaga (mais conhecida por Chiquinha  Gonzaga) e Ernesto Nazareth, pois colaboraram na transformação dos elementos musicais das danças européias e do lundu, que resultou numa linguagem musical híbrida: o choro. Callado foi o flautista responsável pela formação do  Quarteto Ideal, um dos primeiros grupos de choro, com o qual tocava suas composições. Anacleto foi o principal nome a inicialmente adaptar a música dos chorões para as bandas militares de música, destacando-se como regente da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro por vários anos. Finalmente, os nomes de Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga ficaram como os mais conhecidos não apenas pela popularidade de sua linguagem musical, mas também por tornar o piano um instrumento próprio do choro (CAZES, 1998).

Posteriormente, no início do  século XX, surge o chorão Alfredo da Rocha Vianna  Filho (nasceu em 23/04/1897 e faleceu em 17/02/1973), que se tornaria  nacionalmente conhecido como Pixinguinha. Além de ter atuado como instrumentista  e líder de vários grupos, como por exemplo, o conjunto Os Oito Batutas, criou um  repertório muito singular, no qual se  destacam peças famosas do choro como a valsa  Rosa  e o choro  Lamentos. Com o flautista Benedito Lacerda teve uma importante parceria da qual resultaram obras como Naquele Tempo, Um a Zero, Os  Oito Batutas e Sofres Porque Queres.


O choro é um gênero de música de tradição oral, ou seja, os músicos vinculados à sua prática estão apoiados na transmissão oral do seu conteúdo antes que na propagação por meio da escrita. As rodas  de choro são um exemplo disto, pois neste tipo de prática, os iniciantes aprendem as músicas “de ouvido”. RAMALHO (2002, p. 7) citando trabalho de Paul Zumthor, diz que este  [...] propõe o estabelecimento de tipo ideais de oralidade, dentre essa gama diversificada entre os limites do oral e do escrito: 1) a oralidade pura ou  primária, aquela que não tem qualquer contato com os códigos da escrita; [...] 2) a oralidade que convive com as escrituras e que, conforme circunstâncias, se apresenta sob a forma de oralidade mista, ou seja, um tipo de oralidade que opera simultaneamente à escrita estando esta à distância [...]; 3) Finalmente, a  oralidade dos meios de comunicação, aquela que 
recorre aos meios audiovisuais, diferida no tempo e no espaço. 




Atualmente, tem-se se incorporado a escrita como meio de registro do choro em virtude de o choro estar sendo praticado por músicos  de várias procedências, sobretudo aqueles que procedem de músicas com tradição escrita – como a música erudita. Portanto, na atualidade, dentro da perspectiva apresentada por RAMALHO, pode-se classificar o choro como uma prática musical de oralidade mista, com preponderância da transmissão oral.  


O interesse pelo choro enquanto objeto de estudo tem despertado interesse de  estudiosos da música popular dentro e fora da academia. A maioria dos trabalhos tem cunho histórico, o que não impede que  ainda hoje existam contradições a respeito do seu processo de formação, influências recebidas e exercidas ao longo de mais de um século de existência. Mais recentemente, observam-se estudos cujo 
foco é a prática de performance do choro, ou seja, como ele é tocado em função dos seus elementos musicais como ritmo, harmonia, melodia, improvisação, instrumentação, etc. Entre estes, destaca-se o livro Choro: Do Quintal ao Municipal, no qual o autor Henrique CAZES (1998) conta a história do choro, seus principais representantes e fatos.



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